domingo, 16 de abril de 2023

A Divina Misericórdia


    Pelo imenso amor que Deus nos tem, sabemos que podemos contar com Sua compaixão a qualquer momento nessa vida. Essa paternal solicitude é facilmente percebida pelo carinhoso modo como Jesus O chamava, usando o termo 'paizinho' em aramaico: "'Aba!', suplicava Ele. 'Tudo Te é possível!'" Mc 14,36
    Senso comum, há muito o salmista já atestava: "Louvai o Senhor porque Ele é bom, e Sua Misericórdia é eterna." Sl 105,1
    E para bem fixarmos esse atributo do Pai, o Salmo 135 repete a cada novo versículo: "... porque eterna é Sua Misericórdia."
    O Eclesiástico considerou-a tão grande quanto Ele mesmo: "... pois tamanha é Sua grandeza, tão grande é Sua Misericórdia!" Eco 2,23
    O segundo livro de Macabeus vai ainda mais longe, categoricamente dizendo: "... Ele nunca retira de nós Sua Misericórdia." 2 Mb 6,16
    E como todos já devemos ter percebido, Ele demora a irritar-Se. De íntimo contato com Ele, Moisés dizia: "Deus compassivo e misericordioso, lento para a cólera..." Ex 34,6
    São Pedro registrou: "O Senhor não retarda o cumprimento de Sua promessa, como alguns pensam, mas usa de paciência para convosco. Não quer que alguém pereça. Ao contrário, quer que todos se arrependam." 2 Pd 3,9
    Tal compreensão fez com que São Paulo adotasse este comportamento: "Fazei como eu: em todas circunstâncias procuro agradar a todos. Não busco meus próprios interesses, mas os interesses dos outros, para que todos sejam salvos." 1 Cor 10,33
    É exatamente isso que Jesus ensina no Sermão da Montanha: "Tendes ouvido o que foi dito: 'Amarás teu próximo e poderás odiar teu inimigo.' Eu, porém, digo-vos: amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo, sereis os filhos de Vosso Pai do Céu, pois Ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos." Mt 5,43-45
    E se Deus é lento para irar-Se não significa que seja ineficaz ou injusto. Analisando apenas pela rapidez, seja para perdoar, seja para punir, o Eclesiástico adverte-nos do erro da presunção: "Não digas: 'Pequei, e o que me aconteceu de mal?', pois o Senhor é lento para castigar. A propósito de um pecado perdoado, não estejas sem temor, e não acrescentes pecado sobre pecado. Não digas: 'A Misericórdia do Senhor é grande, Ele terá piedade da multidão de meus pecados', pois piedade e cólera são n'Ele igualmente rápidas, e Seu furor visa aos pecadores. Não demores em te converteres ao Senhor, não adies de dia em dia, pois Sua cólera virá de repente, e Ele perdê-te-á no Dia do Castigo." Eclo 5,4-10
    Através do Profeta Isaías, o Pai Eterno revelou um flagrante de Sua reação contra os pecados de Jerusalém: "Num acesso de cólera, de ti volvi Minha face. Mas em Meu eterno amor, tenho compaixão de ti." Is 54,8
    E o livro da Sabedoria pondera: "Mostrais Vossa força aos que não creem no Vosso poder, e confundis os que não a conhecem e ousam afrontá-la. Mas, dominando Vossa força, julgais com bondade e governai-nos com grande indulgência, porque sempre Vos é possível empregar Vosso poder quando quiserdes. Agindo desta maneira, mostrastes a Vosso povo que o justo deve ser cheio de bondade, e inspirastes a Vossos filhos a boa esperança de que, após o pecado, dá-lhes-eis tempo para a penitência. Porque se os inimigos de Vossos filhos, dignos de morte, Vós havei-los castigado com tanta prudência e longanimidade, dando-lhes tempo e ocasião para emendarem-se, com quanto cuidado não julgareis Vós Vossos filhos, a cujos antepassados concedestes com juramento Vossa Aliança, repleta de ricas promessas?" Sb 12,17-21
    Jesus, ademais, usou de Sua autoridade para reafirmar a compaixão como mais valiosa que qualquer ritual, quando citou o Profeta Oseias perante os fariseus: "Ide e aprendei o que significam estas palavras: 'Eu quero Misericórdia e não sacrifício (Os 6,6)'". Mt 9,13
    Também condenou os mecânicos rituais que põem de lado a Verdade, a compaixão e a obediência: "Ai de vós, hipócritas escribas e fariseus! Pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e desprezais os mais importantes preceitos da Lei: a justiça, a Misericórdia, a fidelidade." Mt 23,23
    Porque nossas ofertas não são bem aceitas por Deus se não vivemos em Paz com o próximo. Jesus ensinou que, estejamos errados ou não, em casos de intrigas sempre devemos tomar a iniciativa de pedir perdão a nossos irmãos: "Se estás, portanto, para fazer tua oferta diante do altar, e lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa lá tua oferta diante do altar e primeiro vai reconciliar-te com teu irmão. Só então vem fazer tua oferta." Mt 5,23-24
    E com toda propriedade, enquanto Deus, Ele creditou o exorcismo de um possesso à Divina Misericórdia: "'Vai para casa, para junto dos teus, e anuncia-lhes tudo que o Senhor fez por ti, em Sua Misericórdia.' Foi-se ele e começou a publicar, na Decápole, tudo que Jesus lhe havia feito. E todos admiravam-se." Mc 5,19-20
    Em sua puríssima inspiração, Nossa Senhora também falou sobre a divina compaixão. Foi quando cantou o Magnificat, que ela mesma compôs a partir de suas frequentes leituras das Escrituras: "... e Sua Misericórdia estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem." Lc 1,50
    Não por acaso, Deus pareceu ser arbitrário numa resposta que deu a Moisés: "... pois dou Minha Graça a quem Eu quero dar Minha Graça, e uso de Misericórdia com quem Eu quero usar de Misericórdia." Ex 33,19
    Mas como São Paulo escreveu aos romanos, Ele sabe muito bem a quem a favorece: "... mostrando as riquezas de Sua Glória para com aqueles que são objeto de Sua Misericórdia..." Rm 9,23
    Pois como ele descreveu a experiência de judeus e de não judeus, todos nós devemos aprender com os erros uns dos outros: "Assim como vós antes fostes desobedientes a Deus, e agora obtivestes Misericórdia com a desobediência deles, assim agora eles são incrédulos, em conseqüência da Misericórdia feita a vós, para que mais tarde eles também alcancem, mais uma vez, a Misericórdia. Deus a todos encerrou na desobediência, para com todos usar de Misericórdia. Ó abismo de riqueza, de Sabedoria e de ciência em Deus! Quão impenetráveis são Seus juízos e inexploráveis Seus Caminhos!" Rm 11,30-32
    E cita sua própria história: "Se encontrei Misericórdia, foi para que Jesus Cristo manifestasse toda Sua longanimidade primeiro em mim, e eu servisse de exemplo para todos aqueles que, a seguir, n'Ele crerem, para a Vida Eterna." 1 Tm 1,16
    O livro da Sabedoria explica que essa compaixão do Pai se dá pela sutil presença do Espírito Santo em Seus filhos, que trabalha para nossa Salvação: "Vosso Incorruptível Espírito está em todos. É por isso que com brandura castigais aqueles que caem, e adverti-os mostrando-lhes em que pecam, a fim de que rejeitem sua malícia e creiam em Vós, Senhor." Sb 12,1-2
    Nosso renascer pelas Água do Batismo e pela Confirmação da Crisma, portanto, bem como nossa esperança, são dádivas de Seu amor, e para o mesmo fim. São Pedro diz: "Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em Sua grande Misericórdia, pela Ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, Ele fez-nos nascer de novo, para uma viva esperança, para uma incorruptível herança, que não se mancha nem murcha, e que é reservada para vós nos Céus." 1 Pd 1,3-4
    E assim a própria Salvação, que não nos é dada por nosso merecimento. São Paulo escreve a São Tito: "E não por causa de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de Sua Misericórdia, Ele salvou-nos..." Tt 3,5
    São Judas Tadeu, no mesmo sentido, atribui à Divina Misericórdia a Graça de entrarmos para a eternidade: "Conservai-vos no amor de Deus, aguardando que a Misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo nos conceda a Vida Eterna." Jd 1,21
    E São Tiago Menor garante que, se usarmos de compaixão para com nossos irmãos, não precisaremos temer o Juízo: "A Misericórdia triunfa sobre o Julgamento." Tg 2,13b
    Mas também adverte: "Haverá Juízo sem Misericórdia para aquele que não usou de Misericórdia." Tg 2,13a


"SEM LIMITES É SUA MISERICÓRDIA"

    Jesus teria avisado, contudo, de um pecado que não teria perdão: "Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado, pois a culpa desse pecado dura para sempre." Mc 3,29
    Porém, à luz do próprio Espírito Santo, que inspirou as Escrituras, a Igreja sempre entendeu que Ele falava do perdão gratuitamente oferecido por Deus, que é dado mesmo sem que seja pedido. Para este pecado, portanto, é necessário que haja o arrependimento do pecador, ou seja, a Confissão, pois, para que Sua Misericórdia possa ser manifesta num ato concreto, e por ser a reconciliação com Deus em essência a missão da Igreja, Jesus instituiu este Sacramento, oferecendo a Seus Sacerdotes, note-se, total e absoluta autonomia para decidir sobre o perdão: "Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: 'Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, sê-lhes-ão perdoados. Àqueles a quem os retiverdes, sê-lhes-ão retidos.'" Jo 20,22-23
    Ora, através do Profeta Isaías, por uma sincera conversão Deus prometeu o impensável ao quase sempre empedrado coração humano: "Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!" Is 1,18b
    O salmista até tentou estabelecer um parâmetro: "O Senhor é bom e misericordioso, lento para a cólera e cheio de clemência. Ele não está sempre a repreender, nem é eterno Seu ressentimento. Não nos trata segundo nossos pecados, nem nos castiga em proporção de nossas faltas, porque tanto os Céus distam da terra quanto Sua Misericórdia é grande para os que O temem; tanto o Oriente dista do Ocidente quanto Ele afasta de nós nossos pecados." Sl 102,8-12
    Pois mediante pedido de perdão, não existe pecado que Ele não perdoe. O salmista canta: "... sem limites é Sua Misericórdia... " Sl 116,2
    Do contrário, Jesus não nos teria ensinado a perdoar infinitamente: "Se teu irmão pecar, repreende-o; se arrepender-se, perdoa-lhe. Se pecar sete vezes no dia contra ti, e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: 'Estou arrependido', perdoa-lhe." Lc 17,3-4
    E tão surpreendente foi esse ensinamento que, em outra situação, São Pedro quis compreendê-lo com mais precisão: "Então Pedro aproximou-se d'Ele e disse: 'Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?' Respondeu Jesus: 'Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.'" Mt 18,21-22
    Com efeito, ao bom ladrão, que não foi batizado e arrependeu-se apenas quando já estava crucificado, Jesus garantiu: "Em Verdade, digo-te: hoje mesmo estarás Comigo no Paraíso." Lc 23,43
    E a mulher flagrada em adultério, situação que o Antigo Testamento prevê apedrejamento, Ele também tratou com compaixão, embora tenha-lhe dado um aviso: "'Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou?' Respondeu ela: 'Ninguém, Senhor.' Então disse-lhe Jesus: 'Nem Eu te condeno. Vai e não tornes a pecar.'" Jo 8,11
    Foi isso, pois, o que Ele pediu ao doutor da Lei, que questionou quem seria seu próximo quando contou-lhe a parábola do bom samaritano: "'Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?' Respondeu o doutor: 'Aquele que usou de Misericórdia para com ele.' Então disse-lhe Jesus: 'Vai, e faze tu o mesmo.'" Lc 10,36-37
    Para convencer-nos da absoluta importância desta prática, Jesus evocava o exemplo do próprio Pai: "Sede misericordiosos, como também Vosso Pai é misericordioso." Lc 6,36
    E recomendou-a em todas nossas orações: "E quando vos puserdes de pé para orar, perdoai, se tiverdes algum ressentimento contra alguém, para que também Vosso Pai, que está nos Céus, perdoe-vos vossos pecados." Mc 11,25
    Não por acaso, Ele ensinou a pedir no Pai Nosso: "... perdoai nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..." Mt 6,12
    E deu luminosos exemplos do amor que brota como fruto do perdão, que bem retratam a compaixão do Pai Celeste: "Uma mulher pecadora da cidade, quando soube que estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro cheio de perfume, e, estando a Seus pés, por detrás d'Ele, começou a chorar. Pouco depois suas lágrimas banhavam os pés do Senhor, e ela enxugava-os com os cabelos, beijava-os e ungia-os com o perfume. Ao presenciar isto, o fariseu, que O tinha convidado, dizia consigo mesmo: 'Se Este Homem fosse Profeta bem saberia quem e qual é a mulher que O toca, pois é pecadora.' Então Jesus disse-lhe: 'Simão, tenho uma coisa a dizer-te.' 'Fala, Mestre', disse ele. 'Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro, cinqüenta. Não tendo eles com que pagar, a ambos perdoou as dívidas. Qual deles o amará mais?' Simão respondeu: 'A meu ver, aquele a quem ele mais perdoou.' Jesus replicou-lhe: 'Julgaste bem.' E voltando-Se para a mulher, disse a Simão: 'Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para lavar os pés, mas esta, com suas lágrimas regou-Me os pés e enxugou-os com seus cabelos. Não Me deste o ósculo, mas esta desde que entrou não cessou de beijar-Me os pés. Não Me ungiste a cabeça com óleo, mas esta com perfume ungiu-Me os pés. Por isso, digo-te: seus numerosos pecados foram-lhe perdoados, porque ela tem demonstrado muito amor. Mas ao que pouco se perdoa, pouco ama.'" Lc 7,37-47
    Ele usou do mesmo procedimento para com Zaqueu: "Jesus entrou em Jericó e ia atravessando a cidade. Aí havia um homem muito rico chamado Zaqueu, chefe dos cobradores de impostos. Ele procurava ver Quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, porque era de baixa estatura. Ele correu adiante e subiu a um sicômoro, para vê-Lo quando por ali passasse. Chegando Jesus àquele lugar e levantando os olhos, viu-o e disse-lhe: 'Zaqueu, desce depressa, porque é preciso que hoje Eu fique em tua casa.' Ele desceu a toda pressa e alegremente recebeu-O. Vendo isto, todos murmuravam e diziam: 'Ele vai hospedar-se em casa de um pecador...' Zaqueu, entretanto, de pé diante do Senhor, disse-Lhe: 'Senhor, vou dar a metade de meus bens aos pobres e, se tiver defraudado alguém, restituirei o quádruplo.' Disse-lhe Jesus: 'Hoje a salvação entrou nesta casa, porquanto este também é filho de Abraão. Pois o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido.'" Lc 19,1-10
    E eis que São Paulo vai pedir: "Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência. Suportai-vos uns aos outros e mutuamente perdoai-vos toda vez que tiverdes queixa contra outrem. Como o Senhor vos perdoou, assim também perdoai vós." Cl 3,12-13
    Ele lista a falta de misericórdia como resultado da perda da Graça: "Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Ele entregou-os a depravados sentimentos, e daí seu indigno procedimento. São insensatos, desleais, sem coração, sem misericórdia." Rm 1,28.31
    Esta, aliás, é uma das marcas da Divina Sabedoria, e, segundo São Tiago Menor, essencial para alcançar a Paz de Cristo: "A Sabedoria, porém, que vem de cima, primeiramente é pura, depois pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, nem fingimento. O fruto da justiça semeia-se na Paz, para aqueles que praticam a Paz." Tg 3,17-18
    E neste exercício de piedade, São Judas Tadeu exigia empenho: "Para com uns exercei vossa misericórdia, repreendendo-os, e a outros salvai-os, arrebatando-os do fogo. Dos demais tende compaixão, perpassada de temor a Deus, detestando até a túnica manchada pela carne." Jd 22-23
    São Paulo, sempre usando de poderosa argumentação, assegura: "Mas eis aqui uma brilhante prova do amor de Deus por nós: quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. Se, quando ainda éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho, com muito mais razão, já estando reconciliados, seremos salvos por Sua Vida." Rm 5,8-10
    Em suas profundas reflexões, o sagrado autor do livro da Sabedoria deparou-se com ainda mais radiosa compreensão do infinito amor de Deus: "Tendes compaixão de todos, porque Vós podeis tudo. E para que se arrependam, fechais os olhos aos pecados dos homens. Porque amais tudo que existe, e não odiais nada do que fizestes, porquanto, se o odiásseis, não o teríeis feito de modo algum. Como poderia subsistir qualquer coisa, se não o tivésseis querido, e conservar a existência, se por Vós não tivesse sido chamada? Mas poupais todos seres, porque todos são Vossos, ó Senhor, que amais a vida." Sb 11,23-26
    De fato, através do Profeta Isaías Deus demonstrou mais que maternal, verdadeiramente uma divina afeição: "Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, Eu jamais te esqueceria." Is 49,15
    E Nossa Mãe Celestial fez esta importante revelação a Santa Brígida da Suécia: "... há de haver justiça e misericórdia em tua esperança. Desta forma, esperarás na Misericórdia de Deus porque não esquecerás Sua justiça. Pensa em Sua justiça e em Seu Juízo de forma que não esqueças Sua Misericórdia, porque Ele não usa a justiça sem Misericórdia nem a Misericórdia sem justiça." (Livro I, Capítulo VII)
    O próprio Jesus disse à esta Santa: "O que é o frio da alma se não a dureza a respeito do Meu amor? Obras de Misericórdia são eficazes contra tal frieza, envolvendo a alma para que ela não pereça pelo frio. Através destas obras, Deus visita a alma, e a alma aproxima-se sempre mais de Deus." (Livro II, Capítulo XXVI)
    Por fim, e em confirmação ao Sacramento da Confissão, na aparição de Jesus à Santa Faustina, quando lhe pediu para divulgar a Festa da Misericórdia, Ele também sentenciou: "A humanidade não terá Paz enquanto não se voltar à fonte da Minha Misericórdia." (Diário, 699)

    "Como é grande, ó Pai, Vossa Misericórdia!"