terça-feira, 5 de março de 2024

Jesus e o Pai Nosso


    A oração ensinada por Jesus, e rezada em todo mundo, é um flagrante da intimidade do Divino Mestre com o Pai Celeste, sempre em nosso favor. Talvez o melhor 'retrato' de Jesus...

SETE PEDIDOS

    Ao recitar "Pai Nosso, que estais no Céu...", desde o início usando o plural 'nosso', Jesus instituiu uma prece que, apesar de perfeita para a piedade pessoal, pois sempre devemos interceder pelos demais, preferencialmente deve ser rezada em coletivo, para levar-nos à imprescindível Comunhão. Assim já afirmamos nosso semelhante como irmão, Deus como Pai e os Céus como morada, d'Ele e nossa, por sermos Seus filhos e pela certeza de que Ele jamais nos abandona.
    Em seguida, Ele faz recordar: "... santificado seja Vosso Nome..." Está ensinando que, mesmo quando rezamos, devemos santificar o Nome de Deus, pois um dos Mandamentos diz que não podemos usá-Lo em vão. O Nome de Deus, porém, por Si já é santo. Urge, portanto, que nós O santifiquemos no dia-a-dia por nosso comportamento, uma vez que ousamos invocá-Lo como Pai.
    "... venha a nós Vosso Reino...": aqui assentimos que Deus reina, que queremos fazer parte de Seu Reino, e que ele venha o quanto antes para todos nós, sem discriminação nem egoísmo, ostensiva e definitivamente determinando o fim desse frágil e conflitante estado em que se encontra a humanidade.
    "... seja feita Vossa vontade, assim na terra como nos Céus." Como verdadeiros filhos de Deus, voluntariamente aceitamos submeter-nos a Seus desígnios, e não Lhe impor os nossos, que no mínimo são imperfeitos. Para tanto, o principal exemplo é o próprio Jesus, que viveu a total submissão aos planos de Deus, mesmo que isto tenha significado a Cruz, e sob idênticas condições pedimos que Sua vontade imediatamente se cumpra aqui na terra, como já acontece nos Céus.
    Após os celestes assuntos, Jesus passa a enfocar os terrenos. "O Pão Nosso de cada dia dai-nos hoje...": de Sua modelar humildade, Ele insta-nos a pedir aquilo de que essencialmente precisamos, aqui simbolizado pelo alimento de cada dia, sem nenhuma gula nem ambição. Vale dizer: nada de ávido enriquecimento, ou seja, desmedida fartura, nem de falsa prudência, ou seja, abastado estoque, mas autêntica fé na Divina Providência. E como "Nem só de pão vive o homem (Dt 8,3)", nesse pedido também se expressa nossa diária carência do verdadeiro Pão da Vida, que é a Comunhão Eucarística, o Corpo de Cristo.
    No primeiro dos três últimos pedidos, Jesus segue pedindo não por Si mesmo, senão por nós, pois bem conhece nossas fraquezas. Ele ditou: "Perdoai nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..." Claramente exorta-nos a assumir que erramos e a pedir perdão. Aí deve ser lembrado o Sacramento da Confissão, também por Ele instituído, que é uma obrigação para que se possa receber o Santíssimo Sacramento. Observe-se, ademais, que só podemos pedir um perdão proporcional ao que oferecemos a nossos irmãos! E se nada perdoamos, sequer podemos recitar esta oração: estaríamos mentindo ao rezar a Deus!
    No penúltimo pedido, Ele ensina-nos a solicitar ajuda contra as fraquezas da carne e da alma, pois devemos reconhecer-nos frequentemente expostos ao assédio do Mal: "... e não nos deixeis cair em tentação..."
    Contudo, caso venhamos a cair em tentação, no último pedido Ele recomenda clamar para que o Pai nos livre da completa dominação do inimigo: "... mas, livrai-nos do Mal."
    Como Jesus viveu e ensinou, portanto, ousemos chamar Deus de Pai e aceitar que 'Assim seja!', quer dizer, o "Amém!"


DIVINA DIDÁTICA

    Estruturalmente, a primeira parte do Pai Nosso tem os seguintes substantivos:

CÉU - NOME - REINO - VONTADE

    - Do prático reconhecimento de Seus domínios, através da referência material que se tem do CÉU, sabemos que Ele tem NOME, REINO e VONTADE! Nessa ordem, em especial, pois assim conosco vai estreitando a relação que dá sentido às nossas vida!

    E a segunda tem:

PÃO - OFENSAS - TENTAÇÃO - MAL

    - Do prático conhecimento das coisas do mundo, através da referência material que se tem do PÃO, reconhecemos uma crescente do pecado, que vai de OFENSAS à TENTAÇÃO, e pode culminar na completa dominação pelo MAL.

    Como início e fim, portanto, a oração têm dois opostos domínios: o CÉU e o MAL. E as partes têm dois materiais pontos de partida: CÉU e PÃO.
    - Pela contemplação do CÉU, coisas de cima, percebemos Sua VONTADE; e,
    - Pela contemplação do PÃO, coisas de baixo, percebemos o MAL.

    Comparando a segunda e a primeira parte, em oposição ao MAL está a VONTADE do Pai; à TENTAÇÃO, está o REINO; às OFENSAS, está o NOME do Pai. Mas PÃO (Eucaristia) e CÉU são indivisos!

    "Em comunhão com toda a Igreja aqui estamos!"