terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

São Paulo Miki e Companheiros Mártires


    Canonizados pelo Papa Pio IX em 1862, São Paulo Miki e seus companheiros, assim como no Sacrifício Pascal de Nosso Salvador Jesus Cristo, foram crucificados e tiveram seus tórax perfurados com lanças. Isto se deu na cidade de Nagasaki no ano de 1597, na colina de Nishisaka, vitimados pela perseguição de Toyotomi Hideyoshi, senhor feudal que havia unificado o Japão.
    Ao todo eram 26 religiosos, sendo 6 missionários franciscanos, 3 jesuítas, 14 da ordem terceira de São Francisco e 3 adolescentes aspirantes, de 11, 13 e 14 anos de idade. Mas a e a serenidade com que enfrentaram esses momentos tornaram o espetáculo de brutalidade numa memorável cena da História da humanidade: estavam todos radiantes por homenagear Jesus padecendo o martírio da crucificação!


    Padre Pásio e Padre Rodriguez, pouco antes de serem crucificados, andaram algumas vezes entre seus companheiros, encorajando-os. Padre Bursar não demonstrava nenhuma emoção, apenas olhava para os céus. Irmão Martin dava graças a Deus cantando o versículo 6 do Salmo 30, o qual repetia várias vezes: "Em Tuas mãos, Senhor, eu entrego meu espírito!" Irmão Francisco Blanco também agradecia a Deus em alta voz. Irmão Gonsalo Garcia, franciscano português, audivelmente recitava o Pai Nosso e a Ave Maria.
    São Paulo Miki expressou que estava morrendo pelo Evangelho, agradeceu a Deus por essa Graça e terminou seu pequeno sermão enternecidamente dizendo: "... não há outro caminho para a Salvação, exceto o Caminho de Cristo... Eu perdoo de coração o imperador e todos aqueles que buscavam minha morte, e peço-os que procurem o Batismo e se tornem cristãos!" Olhou em seguida para seus companheiros e exortou-os nesta última batalha.
    Luis Ibakari, de apenas 11 anos, quando ouviu alguém na multidão gritar que ele logo estaria no Paraíso, teve seu corpo todo esticado para cima, como se estivesse levitando, enquanto seu rosto reluzia de felicidade. Isso deixou a todos admirados, e causou pavor nos quatro executores que já desembainhavam suas lanças.
    O coroinha Antônio Kozaki, de 13 anos, olhou para o céu, clamou por Jesus e Maria e começou a cantar, como fazia nas aulas de catecismo, o Salmo 112, e foi entusiasmadamente seguido por seu irmão Tomé, de 14 anos: "Louvai, crianças do Senhor! Louvai o Nome do Senhor!" Todos demais seguiam repetindo: "Jesus, Maria!"


     O Evangelho chegou ao Japão em 1549, pela grandeza de São Francisco Xavier, que aí permaneceu até 1551. Mas pelo próprio vigor da Palavra de Deus, semeada por exímios catequistas como viria a ser São Paulo Miki, décadas depois já havia mais de 300 mil cristãos nesse país.
    Nascido no ano de 1562 numa família de convertidos, filho de um militar de sangue samurai, foi educado no Colégio Jesuíta de Anziquiama e a convivência com os seguidores de Santo Inácio de Loyola fez com que pedisse ingresso na ordem em 1580. Como não havia bispo na região de Fusai, teve atrasada sua ordenação por muito tempo, mas foi o primeiro Sacerdote jesuíta do Japão.
    O zelo pela evangelização, porém, fazia dele um excelente pregador. Budistas e xintoístas convertiam-se diante de sua inspiração e argumentos, mas também tocados por sua humildade, longanimidade e verdadeiro amor por seu povo, o qual ele alimentava por ininterruptas práticas de orações e penitências. Realmente era de ímpar pureza.
    Entretanto, por medo do colonialismo europeu que se alastrava pela Ásia, em 1587 Toyotomi Hideyoshi, que era simpatizante do Catolicismo, acabou por proibi-lo, embora tenha sido relativamente tolerado até 1594, quando os espanhóis tomaram as Filipinas.


    Desde então, por ordem do próprio imperador e sob ameaça de morte caso resistissem, os missionários e religiosos católicos foram expulsos do país. Contudo, por amor à fervorosa comunidade que ficaria absolutamente abandonada, seis corajosos franciscanos decidiram ficar e terminaram sendo os primeiros presos. Em seguida, também prenderam São Paulo Miki e com ele dois jesuítas, e por fim os 17 resolutos leigos da ordem terceira, incluindo as 3 destemidas 'crianças'. Mesmo sabendo que seriam sumariamente mortos, nenhum deles aceitou renegar Jesus Cristo.
    Para intimidar novas conversões, foram expostos a humilhações e torturas públicas, e depois levados a pé de Meaco a Nagasaki, enquanto padeciam escárnio e violência física pelas ruas e estradas. Nos arredores de Nagasaki, a colina Nishisaka, onde as 26 cruzes lhes esperavam, ficou conhecida como o Monte dos Mártires.


    Os demais católicos do Japão, que não aceitaram abandonar a fé, refugiaram-se ao longo do rio Urakami, nas proximidades de Nagasaki, e mesmo sem padres viveram-na na clandestinidade. Anos mais tarde, a eles chegariam, também na clandestinidade, alguns virtuosos missionários europeus, mas, sob novas investidas de perseguição de sucessivos imperadores, logo seriam novos beatos mártires, e seus sacrifícios inspirariam a impressionante história de Santa Madalena de Nagasaki.
    E desde o início das perseguições e da prisão de São Paulo Miki, por várias gerações os fiéis locais guardaram 3 critérios para reconhecer a Igreja de Jesus Cristo, que um dia, como acreditavam, vitoriosamente retornaria ao país: "Quando a Igreja voltar ao Japão, vocês reconhecê-la-ão por três sinais: os padres não são casados, haverá uma imagem de Maria e esta Igreja obedecerá ao Papa-Sama, isto é, ao Bispo de Roma." E foi exatamente o que aconteceu após 2 séculos e meio!
    Também foi em terras japonesas que aconteceu uma das mais importantes manifestações de Nossa Senhora em recentes anos: a Aparição de Akita, cujas profecias sobre o clero não são muito boas, e acenam para a Grande Tribulação.


    São Paulo Míki e Companheiros, rogai por nós!